sexta-feira, 28 de maio de 2010

Brindes

Hoje, no final de um seminário, houve até um sorteio! Desta vez, nem me animei: nunca fui fortuita no que se diz respeito de sorte.

Dono dos pés

O dono de meus pés se esqueceu de calçá-los com meias.

domingo, 23 de maio de 2010

Emaranhado


Sugeriu-me uma proposta:desafiou-me um risco e, como recompensa, me daria um prazer instantâneo. Não viro as costas para aventuras, eu as uso para poder escrever. E, como escritora apaixonada, cedi-me às infiéis estradas do desejo, do sabor e da curiosidade.
E o risco foi tão enorme, que dele não pude me retirar: a adrenalina do erro e do pecado não me permite qualquer escapatória. Foi tão sórdido e tão profano, que causou-me agrado e aperto, vontade e medo, angústia e afeição. Em tão contraditório percurso me perco. Sempre gostei da sensação de estar perdida, aflita, pois me sugere um problema a solucionar, como que em um desembaraçar de nós de novelos de lã,desemaranhar pulseiras, desenlaçar colares.
Mas temo arrebentá-los, pois leva-me a reconhecer a incompetência. E que ego suporta a agonia da submissão?
Não sei o que virará do nosso amor, meu bem, mas pressinto que estou quase a arrebentar nosso cordão.

sábado, 22 de maio de 2010

Devaneios


Não é incrível reparar que estávamos em pensamento pleno, meditativo e silencioso quando em um pequeno susto depertamos ao ouvir a geladeira fazer seu barulho constante? Uma pena só reparar nosso corpo-ausente e pensamento-presente, momento tão difícil de ser chegado, quando este pequeno susto nos acorda. Mas é interessante darmo-nos conta de que é possível chegar a estes devaneios de quando em vez.
Parafraseio Rousseau, "para que o coração esteja em paz, é necessário que não estejamos em repouso absoluto, nem em agitação demasiada, mas movimento, uniforme e moderado, sem alavancos e intervalos.".

Equilíbrio

E quem disse que o cigano, embora passeante e instável nao é na verdade, um eterno sonhador?

Para o andarilho, paz, é o momento que em sua caminhada, nenhum sentimento forte ou desnecessário lhe interrompa a meditação. Mas a paz não é também o silêncio absoluto, pois este conduz à tristeza e trna a caminhada quase infinita. Paz é o não-momento, é o equilíbrio entre o corpo e a alma. Paz, é saber trazer a calma ao caos a sua volta emitindo-a a partr de sua própria atitude.

E quem disse que o ator, embora gracioso, na verdade, não é um eterno pensador?

Para o artista, paz, é o equilíbrio entre o trágico e o cômico, entre a luz e a matéria, é dar a uma expressão silenciosa um diálogo infinito, é saber usar desta estratégia para conscientizar os demônios ao redor.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Infância

Nas palavras fez-se lembrar
do silêncio da brisa do mar
que me contou os segredos mais profundos de almas inocentes,
eram três, mas eram uma alma só:
alma de Poliana
perfume de rosas,
Gabriela, Carolina e Juliana.
Estrelas caindo e um pedido:
aquela música que as faz delirar!
Sussurro: escuto três meninas a cochichar
Braços, pernas e cabelos a desgranhar.
Shhh...
as meninas já puseram-se a descansar!

domingo, 9 de maio de 2010

Covardia

Estava frio.
Sim, o tempo permitia uma dosagem generosa de romantismo.
Estava aninhada em minhas cobertas,
Com os cachos em desalinho.
E ouvia o som nostálgico de Kings de longe.
Eu nem chorava, só fixava os olhos no vazio,
Procurando nele um movimento,
Ou também um repouso.
Era como se faltasse uma lembrança...
Todos conhecem a sensação da solidão!
E, sabem, que nem sempre ela é uma emoção ruim.
Às vezes, aliás, ela é necessária.
E neste dia eu precisava senti-la.
Nem sei porque, mas eu a pedi.
E pedi também que uma única gota de lágrima viesse percorrer pela minha face.
E senti escorrê-la.
No voar dos meus pensamentos,
Lembrei-me das minhas virtudes
E também dos meus defeitos, e quantos eram!
E o que eu mais me embaracei foi o que se dizia a respeito do medo.
Eu não tenho medo de ninguém, mas temo as palavras!
Antes mesmo delas serem ditas...
Entre o sim e o não,
A angústia da curiosidade, a febre da ansiedade.
Palavras me amolecem o joelho,
Me deixam trêmula,
Tornam-me covarde.
E depois da tortura de ouvi-la,
Acaba-me a paixão,
O mistério do desconhecido.
E de tudo, o que mais temo, é o "sim".
Ele torna as coisas tão próximas,
Fere o platônico,
Torna o inatingível vulgar.
O "não" me desorienta, me deixa raivosa e me enoja também.
De tudo, então, percebi
Que prefiro me recolher na distância da incerteza,
Alimentando, assim, meus possíveis e impossíveis sonhos,
Perdidos pelos meus momentos oportunos de solidão.

Mais a(o) fundo

"Deus nos dá familiares. Ainda bem que podemos escolher nossos amigos." (Ethel Mumford)

É confortador, mas infeliz, a hora em que percebemos que temos (ao menos) este direito.

Desconhecido

Sonhei que matei um homem.
Às vezes me surpreendo com o meu subconsciente! Com minhas vontades.
Neste sonho era tão simples, nem senti remorso, nem me emocionei. Foi simples, frio e merecido. Em alguns segundos de força, todo o problema tinha sido resolvido.
É incrível poder ser e fazer como queremos na imaginação.
No meu sonho, eu poderia até ter arrancado a vida do homem com a arma que eu carregava, mas preferi fazer com as próprias mãos, para sentir o prazer de estar resolvendo aquilo que antes, ao meu ver, não foi resolvido de maneira justa.
Mas me pergunto até onde vai a minha capacidade de suportar o insuportável. De fingir que não sinto dor, de estufar o peito e fingir que sou maior que a humilhação aceita.
Para isto me serve o pesadelo. Para extravazar a loucura e fazer aquilo que tenho por mim, justo. É tão vicioso viver neste mundo onde eu comando. É tão mais interessante ser quem sou e, ao mesmo tempo, não saber exatamente quem sou.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sede

-Eu hoje tomei pouca água, Bel.

Saí com minha amiga para ir ao bebedouro mais proximo ao laboratório e bebi apenas aquilo que o tempo me permitia: um gole.
O problema de ser tão pouco, é que parece que dá mais sede!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Isqueiro

Eu o observava e sorria imaginando
Era somente um isqueiro
E mal funcionava!
Não conseguia manter acesa sua chama
E ele, por algum motivo se escondeu em minha bolsa.
Pena ser tão somente o isqueiro
E que tudo fez-se somente lembrança.
Perigo é querer me lançar nela
E não querer voltar mais.
Era quase dia,
mas a ilusão quase demoníaca
se agarrava ao céu para a lua ficar lá,
intocável.
E foi um olhar que me despertou deste sonho,
Pois era forte e tênuo,
Com algum teor de sarcasmo
Umidecido pelos goles de álcool que seu dono tragou.
Ele trazia consigo palavras serenas
E tinha em si uma notável alma-poeta
Foi o que minha curiosidade acusou.
Mas não era de todo ingênuo.
E foi acreditando em uma de suas travessuras,
Não tão inocentes,
Que a sorte me abriu um belo sorriso.
E como menina solta,
o coração já acelerou, pedindo calor em demasia!
Não fora só o isqueiro que a proporcionou,
Mas a neblina também não me falhou na companhia!
Quase como um vampiro,
Fez-se sombra ao surgir da aurora,
Mas lhe tenho um amuleto
Para gravar seus beijos na memória...